A CELEBRAÇÃO DA PAUTA ANIMALISTA: 1º PRÊMIO PAPAGAIO DE COMUNICAÇÃO ANIMAL

Troféu Prêmio Papagaio, criação do artista plástico Rafael Brancatelli. Fonte: Fórum Animal 

Na noite de 28 de outubro, na avenida que é o coração de São Paulo, o movimento de proteção animal deu um passo importantíssimo para aumentar sua visibilidade e fazer com que os profissionais de imprensa e comunicadores em geral se sentissem estimulados a pautar o tema animalista sob uma perspectiva bem mais generosa, consciente e, acima de tudo, ética. Estamos nos referindo à cerimônia de premiação dos vencedores do 1º Prêmio Papagaio de Comunicação Animal, onde mais de quatrocentas pessoas compareceram ao evento que inaugurou no país uma nova modalidade de premiação voltada àqueles que trabalham ou atuam na área de comunicações, seja na imprensa tradicional, seja em sites das redes sociais, seja na condição de influenciadores digitais. A celebração transcorrida no Teatro Gazeta foi um sucesso e até chegou a ser chamada de “Oscar da proteção animal”, com direito a coquetel vegano, homenagens diversas, números musicais e estatuetas personalizadas aos vencedores.              

Foi, sem dúvida, um feito inédito na área da comunicação. Mas algo bem diferente das premiações tradicionais como os antigos Prêmio Esso e Troféu Imprensa, voltados a profissionais do jornalismo e afins. Também nada parecido com o Prêmio Vladimir Herzog (de anistia e direitos humanos), o Prêmio Luiz Beltrão (de ciência da comunicação) ou, mais recentemente, o Prêmio ExxonMobil de Jornalismo e o Prêmio Comunique-se. Tampouco às iniciativas de feição ecológica, como o Prêmio Consciência Ambiental e o Prêmio BNDES de Sustentabilidade. O que se viu em São Paulo, na entrega do Prêmio Papagaio, foi uma celebração de trabalhos que priorizam áreas diversificadas da proteção animal, desde a defesa de animais domésticos, passando pela preservação das espécies silvestres e chegando até a setores considerados tabus, que submetem animais ao rigor da pecuária ou da vivissecção.  

O 1º Prêmio Papagaio de Comunicação Animal veio para preencher uma lacuna nas atividades da imprensa em geral e de comunicadores que se dedicam à causa animalista. O projeto surgiu internamente no Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e se viabilizou, em termos práticos, pela parceria realizada com a Agência Carrots de Comunicação Animal e o Valle da Mídia Assessoria de Comunicação. Um prêmio direcionado não apenas a jornalistas, mas também a fotógrafos, roteiristas, cinegrafistas, influenciadores digitais e criadores de conteúdo, cujo trabalho relacionado à proteção e defesa dos animais tenha repercussão a ponto de conscientizar as pessoas de que os animais possuem direitos e merecem ser respeitados. É o que se espera do Prêmio Papagaio de Comunicação Animal: fazer com que as vozes humanas se multipliquem e se tornem cada vez mais fortes em defesa da bicharada. 

Faça uma criança feliz: adote um bichinho! (RITA LEE)

O jurado Guilherme Samora e o apresentadorTaylison Santos. Foto: Laerte Levai  

Na expectativa de abranger todos os setores da comunicação pelos animais, a Comissão do concurso decidiu contemplar trabalhos relacionados às seguintes categorias: políticas públicas de proteção animal; exploração animal para entretenimento; cobertura de resgates e reabilitação; defesa de animais silvestres; de cães e gatos; de animais em situação de fazenda; de animais aquáticos e de animais em testes, pesquisa e ensino; e, também, influenciadores em defesa dos animais e do veganismo. Essa variedade temática ampliou o leque de atuação daqueles comunicadores cujas pautas de trabalho contemplavam os animais sob uma perspectiva ética. Conversando com a reportagem do Jus Animalis, o vice-presidente e diretor executivo do Fórum Animal, Taylison Santos, falou sobre a importância do Prêmio Papagaio e as expectativas futuras que traz:

“Em primeiro de tudo esse prêmio visa valorizar os profissionais da comunicação. Nossa ideia vai além de explicar sobre a proteção animal:  é fazer com que os profissionais que comunicam em torno da proteção animal sejam valorizados pelo trabalho que realizam... A nossa expectativa de reunir centenas de pessoas aqui hoje foi alcançada. Com isso a gente vai além de premiar, vamos celebrar a proteção animal. Nosso primeiro evento traz como figura central e homenageada da noite, a Rita Lee. Ela vai ditar o tom do nosso evento como um todo, do início ao fim. A expectativa é que nos próximos anos a gente consiga trazer mais jornalistas e comunicadores. Para que os animais sejam cada vez mais tratados como vidas, não apenas como números”.

A farra do boi, assim como rodeio, vaquejada, tourada, não pertencem ao folclore brasileiro. Chega! (RITA LEE)

Audiência prestigia a cerimônia de entrega do Prêmio Papagaio de Comunicação Animal. Foto: Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal

A reportagem também conversou com dois profissionais de Comunicação do Fórum Animal que podem ser considerados idealizadores do Prêmio Papagaio: o jornalista Rafael Sampaio e a fotógrafa Anaryá Mantovanelli (Naná).  Segundo Rafael, “a ideia da premiação na verdade foi uma necessidade. A gente já viu muita coisa em comunicação ambiental, jornalismo voltado para a educação, para temas da saúde etc. Mas para a causa animal especificamente é difícil você ter uma área formada, mesmo na grande imprensa, de algum repórter especializado nesse tipo de cobertura. Por isso, dar voz a quem faz essa comunicação é muito importante”. Naná, em complemento, destacou outro ponto importante da premiação: “Acho que o Prêmio Papagaio representa também um ineditismo porque não havia no país algo assim, que fizesse esse tipo de reconhecimento. A gente sabe o quanto é difícil furar a bolha e trazer esses profissionais para perto, isso é uma forma de ampliar a causa e conseguir mudanças”.

Plateia do Prêmio Papagaio durante o coquetel vegano.  Foto: Laerte Levai

Seguiram à comissão julgadora presidida pelo jornalista Celso Zucatelli 247 trabalhos concorrentes, oriundos de 15 estados da federação. Coube a Carolina Galvani (Sinergia Animal), Vânia Plaza Nunes (Fórum Animal), Carla Lettieri (Animal Equality), Cristina Mendonça (Mercy for Animals), Juliana Camargo (Ampara Animal), Guilherme Samora (jornalista e escritor), Ricardo Laurino (Sociedade Vegetariana Brasileira), Dimas Marques (Fauna News), Laís Duarte (TV Cultura), Larissa Maluf (Comunicadora) e Tamiris Hilario (roteirista audiovisual), que compunham o corpo de jurados, a análise de cada material recebido. Na cerimônia de premiação, os apresentadores Zucatelli e Taylison esclareceram também que o troféu é uma escultura do artista plástico Rafael Brancatelli e traduz a “leveza e a força do papagaio, ave que observa, escuta e fala – como metáfora da escuta sensível e da expressão consciente que movem o bom jornalismo e a defesa dos animais”.     

Os apresentadores Celso Zucatelli e Taylison Santos conduzem a cerimônia do Prêmio Papagaio de Comunicação Animal. Foto: Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal.

A jurada Juliana Camargo disse, à reportagem do Jus Animalis, ter sido genial a ideia de o Prêmio Papagaio trazer e de dar voz aos comunicadores que escrevem com ética e responsabilidade sobre temáticas voltadas ao meio ambiente e animais: “Isso, de um modo geral, amplia a nossa voz. Eles sabem que uma matéria bem escrita e um bom documentário lançado são capazes de mobilizar e transformar a realidade de muitas pessoas, gente que acaba aprendendo e mudando muita coisa em relação a comportamento, consumo, consciência. De fato, é uma expansão de consciência premiar e reconhecer profissionais de imprensa e comunicadores que ajudam a gente a ampliar as mensagens e dar voz aqueles que não podem se defender”. Nessa mesma linha segue o pensamento da diretora jurídica do Fórum Animal, Ana Paula de Vasconcelos:  

“A comunicação e a mídia como um todo têm um papel muito importante na luta pelos direitos dos animais, dando voz a eles. Com certeza, sem a comunicação o Direito Animal não estaria tão avançado como está hoje. E principalmente na divulgação de maus-tratos, a partir de denúncias recebidas, a imprensa tem um papel importantíssimo na sociedade. É uma grande honra estarmos recebendo hoje tantas pessoas queridas, simpatizantes da causa, para conhecer o universo do Direito Animal. Este prêmio tem um simbolismo muito grande pelo fato de representar mais um avanço na nossa luta pelos direitos animais. Então, com certeza será um marco e nós esperamos que este seja apenas o primeiro, que venham outras edições e que cada vez mais possamos mostrar à sociedade que os animais têm direitos e que nós estamos aqui para fazer com que esses direitos prevaleçam sempre”.

Os apresentadores Celso Zucatelli e Taylison Santos ainda saudaram, nominalmente, a atual presidente da entidade responsável pelo evento, Elizabeth Mac Gregor, assim como a presidente vitalícia Sônia Peralli Fonseca, que no final do século passado tanto lutou pelos avanços na construção legislativa dos direitos animais no país e, há 25 anos, fundou o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, que hoje possui uma equipe multidisciplinar que inclui advogados, médicos-veterinários, profissionais de comunicação, geógrafos e pesquisadores, que se unem em torno do anseio comum de sensibilizar e transformar a sociedade, buscando erradicar o sofrimento, a crueldade e as piores práticas cometidas em prejuízo dos animais.

Décadas atrás, por sinal, Rita Lee foi uma das artistas que saía em passeatas de protesto com o Fórum Animal. Durante a solenidade de premiação, em tom de homenagem, os nomes dos finalistas projetados no telão se intercalavam justamente com frases de depoimentos ou entrevistas concedidas por Rita Lee a programas televisivos. Era como se a rainha do rock estivesse presente na festa, assistindo a tudo de camarote e trazendo a irreverência que tão bem lhe caracterizava o espírito, seja por sua voz ativista pelos animais, seja com o vigor de sua presença cênica. A representação da figura de Rita Lee pôde ser revivida, no palco, pela cantora Luana Gardin, cuja banda Aurora 69 executou de modo fidedigno clássicos inesquecíveis como Agora Só Falta Você, Jardins da Babilônia, Saúde e Ovelha Negra.

Eu não tenho nada contra os sertanejos. Nada. Mas esse lado do rodeio, da judiação, da humilhação, da tortura pública dos animais, incomoda profundamente. Compro essa briga com o maior prazer. E acho que também tem que ampliar para circos que usam animais. E que motivo temos de importar tourada? Meu Deus, importem só o bom da Espanha. (RITA LEE)

Banda Aurora 69, a tocar sucessos de Rita Lee. Foto: Laerte Levai

O músico Roberto de Carvalho foi chamado ao palco e recebeu, das mãos da ativista Luísa Mell, a estatueta em homenagem àquela que, segundo ele, foi “a pessoa mais importante que existiu e continua existindo em minha vida, uma mulher extremamente espiritualizada que me ensinou a dimensão que conferia aos animais”. Luísa Mell, nesse momento, também fez uso da palavra: “Maravilhosa Rita Lee, que tanto ajudava os animais. Quando adolescente eu já ouvia Rita Lee protestando contra tourada, depois contra rodeios e vaquejadas. Primeira artista profissional que atuava também pelos animais. O momento mais emocionante de minha vida foi quando eu a conheci. Fica o legado em suas músicas, seus livros, seu pensamento de amor e consciência”. 

Ainda no curso da cerimônia acompanhada de perto por tantas pessoas ligadas à defesa dos animais, dentre elas Mônica Buava  (Sociedade Vegetariana Brasileira), Marco Ciampi (Arca Brasil), Marcelo Pavlenko Rocha (SOS Fauna), Lívia Botár (Projeto Mucky), Robis Nassaro (pesquisador da Teoria do Link) e Sabrina Pires (Canal de jornalismo E aí, bicho?), além de conhecidas figuras públicas da causa animal, como Ricardo Trípoli,  Eduardo Jorge e Ricardo Izar, o público pôde assistir às apresentações musicais de alta qualidade, pela queen Leyllah Diva Black (que transita pelo rap, hip-hop e funk carioca) e na voz do cantor D’Black (soul), com mensagens poéticas voltadas à diversidade, à natureza e, também, ao veganismo.  O advogado animalista Yuri Fernando Lima, presente na plateia, gostou de tudo que viu e ouviu:

“Fiquei impressionado com a iniciativa desse prêmio e o número de pessoas presentes, algo muito expressivo para um evento relacionado ao direito dos animais. Isso mostra que as próximas edições do Prêmio Papagaio serão cada mais exitosas e com um público cada vez maior. Esses eventos também são bons porque as pessoas conseguem se encontrar, se reencontrar, se conhecer, trocar experiências e unir forças cada vez mais pelos animais”.

Em termos de premiação, após a menção aos três indicados para cada modalidade, a escolha final passou a ser anunciada pelos apresentadores. Foram premiados trabalhos de dez pessoas ligadas à área da comunicação, conforme as categorias a seguir indicadas:  Políticas públicas de proteção animal: Adele Santelli (Repórter Eco - TV Cultura); Exploração animal para entretenimento: Poliana Mara de Souza Castro (TV Globo); Cobertura de resgates e reabilitação: Xavier Alzueta Bartaburu (Mongabay Brasil); Influenciador Veganismo: Fabio Chaves (Portal Vista-se); Influenciador Defesa dos Animais: Rogério Rammê (perfil de instagram); Defesa dos animais em situação de fazenda: Isa Siano (roteirista de curta-metragem); Defesa dos animais silvestres: Júlia Mendes Pereira Checchinato (documentário em vídeo);  Defesa de cães e gatos: Angélica Abreu (produtora do Fantástico - TV Globo); Defesa dos animais em testes, pesquisa e ensino: Lorena de Oliveira Neves (perfil de Instagram) e Defesa dos animais aquáticos: Laerte Levai (Portal Jus Animalis).

Momento de premiação da categoria Influenciador Vegano. Foto: Laerte Levai

Os defensores dos animais não têm onde, nenhum órgão do governo, para denunciar o que acontece. Verdade, é uma coisa difícil. Mas meu, foda-se, vou continuar denunciando e vou continuar sendo processada, porque sempre me processam quando falo (RITA LEE)

Ao final da festa e, depois das homenagens, das premiações, da lembrança de Rita Lee, dos músicos convidados e de muitos aplausos, fica uma certeza: a luta pelos animais permanecerá firme e forte, apesar dos atos de crueldade tantas vezes noticiados pela mídia, apesar das dificuldades e afrontas às leis protetoras e, ainda pior, apesar dos retrocessos legislativos que o Brasil experimenta a todo momento. O Prêmio Papagaio vem justamente para protestar contra esse estado de coisas; sua premiação é um estímulo para que haja cada vez mais vozes pelos animais e que elas possam ser ouvidas e multiplicadas em qualquer parte. A mídia, em regra, nem sempre mostra que a vida animal importa, referindo-se aos animais em números quantitativos ou mediante expressões que desconsideram sua singularidade ou importância existencial. Isso tinha de mudar e o Prêmio Papagaio certamente contribuirá com um novo olhar para os animais, enxergando-os com a dignidade que eles merecem. 

Diante da noite memorável dedicada aos profissionais da comunicação animal, Ricardo Tripoli – que durante décadas exerceu funções parlamentares com ênfase na proteção dos animais e do meio ambiente - manifestou à reportagem suas impressões sobre os resultados e a importância do Prêmio Papagaio, fazendo-o sem poupar elogios à iniciativa do Fórum Animal: 

“Fiquei muito contente. Primeiro em ver o volume de pessoas que compareceu a este evento. Acho que o grande salto de qualidade que o Fórum Animal deu foi exatamente convidar os comunicadores, jornalistas esses que lidam com mídia digital etc.  Mas não posso deixar de falar de Sônia Fonseca, uma das precursoras da questão da proteção ambiental especialmente na área dos animais. Começamos praticamente juntos. Quando teve a Rio+20 eu já era deputado federal e tivemos o primeiro encontro paralelo de proteção dos animais no Rio de Janeiro. E a Sônia Fonseca foi uma das precursoras desse grande movimento que vemos hoje, eu diria que ela é um emblema, carrega todo esse trabalho que vez sendo feito no Brasil. Eu me lembro que quando aprovamos nosso Código Estadual de Proteção aos Animais (o primeiro do Brasil), fiquei muito feliz de ter sido o autor dessa propositura, contando na época com o apoio do Fórum, de cientistas, de promotores de justiça e de ONGs que colaboraram muito para a aprovação de uma lei tão importante. E acho que a dedicação valeu a pena. A gente vê aqui pessoas da comunicação se envolvendo com a causa animal. Eu me lembro que quando fui secretario estadual do meio ambiente fui convidado a ministrar uma aula para jornalistas que não entendiam a causa ambiental, então era difícil para eles saberem onde exatamente estava a verdade dessa questão. E hoje vejo isso com muita nitidez, vejo que vocês jornalistas participando ajudam muito a divulgar esse trabalho”.

A diretora técnica do Fórum Animal, Vânia Plaza Nunes, também ficou feliz com a repercussão positiva do Prêmio Papagaio junto aos órgãos de imprensa ou de comunicação de um modo geral, que se voltam à cobertura de pautas ambientais relacionadas à fauna nativa, migratória, terrestre ou aquática, assim como aos animais domésticos integrados a ambientes urbanos ou em famílias multiespécies.  Para ela a mídia, independentemente de qual veículo se apresente, assume um papel fundamental para a transformação que queremos e precisamos. Eis o que a entrevistada disse ao Jus Animalis:

“Olha, a gente pensou nesse evento em premiar pessoas que fazem um trabalho insansável pelos animais, muitas vezes são documentaristas, são repórteres que narram ocorrências, outras vezes são pessoas da área jurídica, da veterinária, da biologia ou então pessoas não formadas em nada, mas que tem uma página, um site e fazem um trabalho importante para levar informações sobre a questão dos animais de diferentes espécies e locais. O reconhecimento dessas pessoas ajuda a gente a fazer a transformação no mundo porque eles têm a particularidade de saber fazer essa comunicação, de levar as informações. Daí a ideia de fazer esse justo reconhecimento. E as pessoas entenderam nossa proposta, tanto que recebemos muitos trabalhos apresentados em redes televisivas, em jornais, em páginas das redes sociais, no instagram, em pequenos jornais ou veículos de comunicação conduzidos diuturnamente por gente que traz à tona a pauta animalista voltada ao reconhecimento mais ético e humanitário dentro da sociedade brasileira. Foi ótimo. E nós esperamos que venham mais Prêmios Papagaios!”.

Equipe do Fórum Animal e colaboradores do Prêmio Papagaio. Foto: Laerte Levai 

Mas quando se pensa que os animais também importam, é preciso dizer que o especismo ainda tão presente nos órgãos de imprensa – tal qual escreveu Paula Brügger em seu livro “Jornalismo Especista” - seja revisto e repensado pelos veículos de comunicação, cujo objetivo primordial de informar significa trazer sempre a verdade dos fatos e conscientizar os receptores da notícia. Afinal, o direito ao bem-estar, ao respeito à integridade física e psicológica ou à própria dignidade não deve ser apenas uma exclusividade do ser humano. Outros seres sensíveis também merecem ser devidamente considerados no círculo da moralidade. Neste aspecto cabe refletir sobre as palavras de um dos principais idealizadores do Prêmio Papagaio, o diretor executivo do Fórum Animal, Taylison Santos, na entrevista que ele concedeu ao Jus Animalis:

“O especismo é algo que está dentro de nossa cultura, então trabalhar a mudança de cultura é essencial para que a gente consiga não só combater, mas também educar, ensinando como se comunicar. Dentro do espectro do especismo o importante é todos assumirmos que nós somos, sim, especistas. Muitas vezes nós defendemos cães, defendemos gatos, e aos poucos nós vamos expandindo nossa consciência moral, nosso ciclo moral. A partir daí podemos enxergar os animais como seres detentores de direitos. E aí podemos dizer que eles têm direito a viver livres, direito a comer, a beber, direito a expressar seus movimentos naturais e não viver mais em jaulas, celas, gaiolas... Aí a gente consegue aos poucos lutar contra o especismo que ao mesmo tempo envolve uma mudança de cultura”.

Agora eu vou me dedicar a trabalhos paralelos, a causa dos animais, que é a minha grande causa do coração, a defesa dos animais. Alguém tinha de fazer isso, né? (RITA LEE)

Que o Prêmio Papagaio de Comunicação possa doravante estimular cada vez mais jornalistas, roteiristas, fotógrafos, cinegrafistas, influenciadores digitais e comunicadores em geral, para escreverem, registrarem, transmitirem e reconhecerem a importância da fauna como um todo e a singularidade dos animais reportados em suas matérias, filmagens e conteúdo na internet. A ideia de reunir os trabalhos recebidos e premiados em uma plataforma digital única e disponibilizá-los publicamente é excelente para motivar futuros candidatos à estatueta animalista. Que haja continuidade ao Prêmio Papagaio, a fim de que ele se consolide na área da comunicação. E que a consciência pelos animais cresça num voo pássaro, multiplicando-se em vozes vibrantes por todos os cantos e lugares.  Vida longa aos papagaios do Brasil...   

Repórter do JusAnimalis com Robis Nassaro, Vânia Nunes, Ana Paula Vasconcelos e Elisabeth Mac Gregor (FNPDA)

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 Nota da Redação

O repórter Laerte Levai, autor desta matéria, foi um dos vencedores do 1º Prêmio Papagaio de Comunicação Animal, na categoria Defesa dos Animais Aquáticos, com a reportagem “A Proibição da Caça das Baleias no Brasil: uma luta ativista”, publicada no portal Jus Animalis. A equipe do site parabeniza o jornalista pela conquista e reconhece sua dedicação em promover, por meio da comunicação, a consciência, o respeito e a defesa dos animais.

Laerte Levai, repórter do Jus Animalis, recebe o Prêmio Papagaio na categoria Defesa dos Animais Aquáticos.

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LAERTE F. LEVAI

Jornalista ambiental (DRT n. 96682/SP). É repórter do Jus Animalis.

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