Colômbia: Congresso aprova projeto de lei para proibir touradas em todo o país
A Câmara dos Deputados da Colômbia aprovou por ampla maioria um projeto de lei que proíbe as touradas no país, iniciativa que obteve 93 votos favoráveis, após 14 adiamentos.
“O projeto de lei que proíbe as touradas na Colômbia acaba de ser aprovado no último debate no plenário da Câmara, com 93 votos a favor e dois votos a não”, informou a corporação em sua conta do X.
Agora a lei irá para conciliação, porque os textos aprovados no Senado e na Câmara são diferentes, e depois irá para sanção presidencial.
“Chega de touradas, chega de touradas, chega de touradas”, gritaram na sessão os congressistas que promoveram o projeto de lei, que também proíbe touradas e novilhadas, quando a iniciativa foi aprovada.
Às vozes de júbilo juntaram-se as da senadora Esmeralda Hernández, do governista Pacto Histórico e porta-voz do projeto no Senado, onde já foi aprovado.
“É a lei da república! Conseguimos, as touradas acabaram na minha Colômbia. É um dos dias mais felizes da minha vida. Obrigada de coração, obrigada a quem abriu o caminho para nós, obrigada ao Congresso, graças à vida”, disse em suas redes sociais.
Hernández explicou que a lei “estabelece um processo de transição de três anos” porque “a proibição não será de um dia para o outro”.
A senadora acrescentou que “as famílias que vivem do setor de touradas serão identificadas e, com base nisso, será criado um comitê interinstitucional para fazer a transição”, para que elas possam decidir se querem se dedicar ao comércio ou ao turismo.
Estabelece-se também o processo de transformação das praças de touros para que sejam adequadas como espaços de uso cultural, musical e afins.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, que é anti-touradas, parabenizou “aqueles que finalmente conseguiram fazer com que a morte não fosse um espetáculo”.
“Quem se diverte com a morte de animais acabará por se divertir com a morte de seres humanos; tal como quem queima livros acabará por queimar seres humanos”, acrescentou o chefe de Estado.
Em 2012, quando era prefeito de Bogotá, Petro proibiu o uso da praça de touros La Santamaría para touradas e sempre defendeu o fim dessa atividade.
O autor do projeto de lei que proíbe as touradas no país, o senador Juan Carlos Losada, do Partido Liberal, disse à beira das lágrimas que foram “10 anos de luta” para aprovar esta iniciativa.
“Hoje é um país que diz que não existe nenhuma forma de tortura que possa ser considerada cultura neste mundo. A Colômbia é um exemplo para o mundo inteiro porque estamos nos tornando uma sociedade cada vez menos violenta e cada vez mais civilizada”, acrescentou.
As touradas têm sido um tema polêmico na agenda política e legislativa do país nos últimos anos, com diversas tentativas, até agora sem sucesso, de promover uma lei no Congresso que as proíba.
As touradas, tradicionalmente populares na Colômbia, foram perdendo adeptos e atualmente só existem nas praças de touros de La Santamaría, em Bogotá; em Cañaveralejo, Cali e na Plaza de Toros de Manizales, cidade que conta com os maiores torcedores do país, bem como em algumas praças provinciais.
Da Espanha, o Partido Animalista com o Meio Ambiente – PACMA demonstrou – em comunicado – a sua “euforia” com esta medida que entrará em vigor em 2027.
O grupo de defesa dos direitos dos animais afirma que essa é uma decisão histórica que representa “um grande passo” na luta pelos direitos dos animais e “um avanço social exemplar” do qual o governo de Pedro Sánchez “deveria tomar como exemplo se realmente se considera progressista”.
“A tourada não tem lugar em uma sociedade moderna onde valores fundamentais como o respeito aos animais e ao meio ambiente são construídos”, disse o presidente nacional da PACMA, Javier Luna.
FONTE: EFEverde