EUA: Wyoming aprova lei para punir tortura de animais selvagens após caso chocante de abuso de lobo

O governador do estado de Wyoming (EUA), Mark Gordon, no último dia 28 de fevereiro de 2025, sancionou a Lei HB 275, que, entre outras medidas, torna crime torturar animais selvagens — incluindo predadores — que uma pessoa tenha sob sua posse.

A nova legislação surgiu em resposta à indignação nacional gerada por um caso ocorrido em 3 de março de 2024. Na ocasião, Cody Roberts, morador de Daniel, Wyoming, teria atropelado uma jovem loba com seu snowmobile (moto de neve), amarrado sua boca com o que parecia ser fita adesiva, colocado uma coleira de choque no animal e a arrastado até o Green River Bar para exibição.

Em Wyoming, há uma atividade recreativa de nicho conhecida como “coyote whacking”, que consiste em perseguir e atropelar animais com snowmobiles.

Grupos de direitos dos animais e organizações ambientais exerceram forte pressão e lobby para a aprovação de leis mais rígidas contra a crueldade com animais predadores.

A nova lei não proíbe a prática “recreativa” de atropelar predadores com snowmobiles, mas exige que a pessoa faça um “esforço razoável para matar imediatamente o animal ferido ou incapacitado”. O descumprimento dessa regra será considerado contravenção sob as leis de crueldade animal do estado, com pena de até seis meses de prisão, multa de US$ 5.000 e perda das licenças de caça e pesca. Em caso de reincidência, a infração será classificada como crime grave.

Roberts foi multado em apenas US$ 250 pelo Departamento de Caça e Pesca de Wyoming, pois essa era a penalidade máxima prevista pelas leis estaduais na época para posse de um animal selvagem vivo. O caso, que gerou protestos em todo o país, prejudicou a imagem do estado, disse Gordon no ano passado. Ele afirmou que o episódio não reflete os valores de Wyoming em relação à vida selvagem.

“Quero deixar minha posição absolutamente clara. Crueldade contra qualquer animal selvagem é inaceitável. Ninguém deve tratar um animal dessa forma”, declarou Gordon na época. “Estou indignado com esse incidente, assim como milhares de fazendeiros, rancheiros, caçadores e cidadãos de Wyoming.”

Em 12 de setembro, legisladores federais propuseram uma nova legislação, o Snowmobiles Aren’t Weapons (SAW) Act ("Snowmobiles não são Armas"), para proibir a matança intencional de lobos, coiotes e outros animais selvagens com snowmobiles em terras federais. No entanto, o projeto não avançou devido à pressão da indústria pecuária, segundo a Associated Press.

Lisa Robertson, presidente e cofundadora da organização Wyoming Untrapped, em Jackson, disse ao Buckrail que viajou até Cheyenne durante a temporada legislativa de 2025 para participar das reuniões do comitê de Viagem, Recreação, Vida Selvagem e Recursos Culturais (TRW), que discutiam leis contra a crueldade com predadores. Ela afirmou que, embora o projeto HB0275 não tenha acabado com a crueldade “coyote whacking”, ainda representa um avanço.

A nova lei não altera a permissão para abater animais considerados predadores ou pragas no estado, incluindo o uso de snowmobiles para esse fim. Em Wyoming, os animais predadores incluem coiotes, lebres, porcos-espinhos, guaxinins, raposas-vermelhas, gambás, gatos vadios e lobos-cinzentos. Já os animais classificados como pragas são aqueles considerados prejudiciais à saúde ou ao bem-estar do estado, incluindo espécies venenosas para o gado, transmissores de doenças ou que causam danos às plantações.

“Atropelar um animal, mesmo que apenas uma vez, é tortura, e isso vem acontecendo há décadas”, disse Lisa Robertson. “Todos nós estamos cientes disso, mas a legislatura não conseguiu aprovar uma lei definitiva para proibir completamente esse ato contra toda a vida selvagem em Wyoming. No entanto, estamos avançando, pois cada vez mais pessoas estão reconhecendo isso como uma forma de tortura. O objetivo final é acabar com a matança de animais por veículos. Continuaremos lutando para pôr fim à crueldade animal dessa maneira.”

A nova lei entrará em vigor em 1º de julho.

Confira a íntegra da lei.

Fontes: Buckrail; Powell Tribune

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